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Empresariado pressiona Alckmin por ação direta com EUA para evitar tarifaço de Trump

Vice-presidente ainda não sinalizou missão a Washington; setor privado teme impacto bilionário a partir de 1º de agosto.

A dez dias da entrada em vigor das tarifas de 50% impostas por Donald Trump a produtos brasileiros, líderes do setor privado passaram a pressionar o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, a mudar o foco das reuniões internas e partir para negociações diretas com o governo dos Estados Unidos.

Alckmin tem mantido encontros com empresários ao longo dos últimos dias para ouvir os impactos da medida sobre diferentes setores da economia. Nesta terça-feira (22), novas reuniões estavam previstas, mas a percepção de entidades empresariais é de que o tempo para diagnósticos se esgotou e é preciso agir politicamente para tentar barrar ou ao menos mitigar o tarifaço, previsto para começar em 1º de agosto.

Apesar do clima de urgência, o governo federal ainda não acenou com o envio de uma missão oficial a Washington, o que tem gerado frustração no meio empresarial. Segundo fontes ouvidas pela CNN, Alckmin tem evitado comentar sobre qualquer articulação diplomática concreta com a Casa Branca.

Empresários alertam para influência de Eduardo Bolsonaro

A preocupação aumenta diante de informações repassadas por representantes do setor em Washington: a visão atual do Departamento de Estado norte-americano sobre o Brasil estaria sendo influenciada diretamente pelo discurso de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que passou a atuar nos EUA denunciando uma suposta perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF.

Na avaliação de empresários, essa narrativa pode ter contaminado o ambiente diplomático e justificado, sob a ótica do governo Trump, medidas de retaliação como a tarifa de 50%. Nesse cenário, a atuação mais incisiva de Alckmin ou de outro nome do governo com interlocução internacional seria crucial para apresentar uma contraposição direta e buscar pontes comerciais e institucionais que desloquem o tema do campo político.

Proposta: agenda positiva e comercial

Entre as propostas discutidas por representantes do setor exportador está a sugestão de focar o discurso oficial em pontos de interesse comum, como segurança alimentar, estabilidade de cadeias globais e fornecimento estratégico de produtos naturais que os EUA não produzem internamente: como suco de laranja, café e frutas tropicais.

A ideia é mostrar que a medida tarifária afeta também o consumidor norte-americano e compromete cadeias logísticas essenciais, como demonstrado pela ação judicial da empresa Johanna Foods, que tenta barrar as tarifas com o argumento de que sofrerá prejuízos de até US$ 68 milhões por ano.

Enquanto isso, o governo brasileiro ainda aguarda um sinal de abertura por parte da Casa Branca, o que, segundo empresários, é uma postura arriscada diante do prazo exíguo.

Clima de pressão

A pressão sobre Alckmin deve aumentar nos próximos dias. Representantes de setores como agroindústria, bebidas, frutas, carnes e café já alertaram que, sem um esforço político e diplomático imediato, não haverá tempo hábil para negociar exceções ou ajustes, mesmo que parciais, à medida tarifária.

A avaliação geral do setor privado é clara: o governo precisa entrar em campo agora ou aceitar os impactos de uma das maiores barreiras comerciais já impostas aos produtos brasileiros nas últimas décadas.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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