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Empresas dos EUA se dividem sobre taxação ao Brasil em audiência em Washington

Sessão marcada para 3 de setembro terá testemunhos contra e a favor de penalizações propostas pelo governo Trump.

A investigação aberta pelos Estados Unidos contra supostas práticas comerciais “desleais” do Brasil promete revelar um cenário de divisão entre companhias americanas. Mais de 40 entidades e empresas do Brasil e dos EUA pediram para participar presencialmente da audiência marcada para 3 de setembro, em Washington, no âmbito da chamada Seção 301: instrumento que pode fundamentar tarifas adicionais impostas pelo governo Donald Trump.

O que está em jogo
O processo mira seis frentes: comércio digital e serviços de pagamento, tarifas preferenciais, combate à corrupção, propriedade intelectual, desmatamento ilegal e barreiras comerciais, especialmente no setor de etanol. Até esta segunda-feira (18), interessados também puderam enviar comentários escritos ao governo americano.

Empresas contra o Brasil
Entre os que pressionam por sanções está o National Cotton Council, que acusa o Brasil de adotar políticas para ampliar artificialmente as exportações de algodão, com impactos sobre produtores americanos. A entidade também mencionou preocupações ambientais, como a degradação do Cerrado.

Na mesma linha, a Renewable Fuels Association, da indústria de etanol, defende penalizações alegando que barreiras tarifárias e não tarifárias prejudicam a entrada de combustíveis renováveis dos EUA no mercado brasileiro.

Empresas a favor do Brasil
O Brasil também terá aliados. A National Coffee Association alertou que taxar o café brasileiro traria prejuízo direto à indústria americana de torrefação, já que o país é o maior produtor mundial e não há substitutos viáveis. A entidade pediu explicitamente que o produto fique fora da lista de tarifação, lembrando ainda que exportadores brasileiros poderiam facilmente redirecionar sua produção para outros mercados, como União Europeia, China e México.

Outro apoio de peso virá da US Chamber of Commerce, a maior entidade empresarial dos Estados Unidos. Em ofício, a organização destacou que o Brasil é um “parceiro essencial” para empresas americanas de diferentes setores e estados.

Próximos passos
A audiência de setembro será um marco importante para definir se Washington endurecerá as barreiras comerciais contra o Brasil. Para o governo Trump, o procedimento da Seção 301 serve como justificativa formal para aplicar tarifas, estratégia já utilizada contra a China em 2018.

O resultado, portanto, pode afetar diretamente cadeias produtivas estratégicas, envolvendo desde o algodão até o café e o etanol; com impacto econômico bilateral e repercussões políticas em ano eleitoral nos EUA.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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