Conflito ganha novos capítulos com ofensiva iraniana, danos em instalação nuclear e pressões diplomáticas na Europa
O conflito entre Irã e Israel atingiu um novo e tenso patamar nesta sexta-feira (20), com o lançamento de uma série de mísseis iranianos contra diversas regiões de Israel. O ataque acontece um dia após Israel ter bombardeado a usina nuclear de Arak, no Irã, aumentando ainda mais o clima de instabilidade no Oriente Médio.
Sirenes de alerta foram acionadas em diferentes pontos de Israel, incluindo o norte, o centro e o sul do país. O Exército israelense confirmou a interceptação de parte dos projéteis, mas também houve relatos de impactos em áreas civis, como a cidade portuária de Haifa e o distrito de Dan, no extremo norte.
“As forças aéreas estão operando para interceptar e atacar onde necessário para eliminar a ameaça”, informou um porta-voz militar. A população foi instruída a procurar abrigo imediatamente e permanecer em locais seguros até nova ordem.
Imagens que circularam nas redes sociais mostram colunas de fumaça subindo sobre os prédios de Haifa, enquanto o som de explosões ecoava pela cidade.
Ataque à usina nuclear iraniana aumenta tensão
O bombardeio iraniano ocorre um dia após a confirmação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de que a usina nuclear de Arak, também conhecida como Khondab, sofreu danos significativos após um ataque israelense.
Embora inicialmente os danos não fossem visíveis, uma inspeção mais detalhada feita pela AIEA identificou estragos em prédios importantes da instalação, incluindo a unidade de destilação da usina de produção de água pesada.
Segundo a AIEA, não há risco de contaminação radioativa, já que o reator de Arak nunca foi concluído e não continha material nuclear no momento do ataque.
Condenação internacional e pressão sobre a ONU
O governo iraniano classificou o bombardeio à usina como uma violação da Carta das Nações Unidas. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, cobrou uma posição dura do Conselho de Segurança da ONU.
“Se o Conselho não agir agora, deverá explicar à comunidade internacional por que seus princípios legais se aplicam apenas seletivamente a uma questão tão crucial”, declarou Araghchi. Ele também responsabilizou Israel e o próprio Conselho caso haja um futuro colapso do regime global de não proliferação nuclear.
Israel, por sua vez, justificou o ataque alegando que a instalação, embora inativa, poderia ser usada futuramente no desenvolvimento de armas nucleares: uma acusação que o Irã nega categoricamente.
Encontro diplomático tenta evitar escalada maior
Em meio ao aumento das hostilidades, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, participa nesta sexta-feira de uma reunião de emergência em Genebra, na Suíça. No encontro, estarão presentes os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França e Reino Unido, além da chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas.
O objetivo do encontro é discutir possíveis soluções diplomáticas para o fim do conflito e evitar que a escalada de ataques se transforme em uma guerra de maiores proporções.
Enquanto isso, em Israel, o clima é de alerta máximo e expectativa por novas movimentações militares.
Reações globais e diplomacia em ação
- Estados Unidos: O ex-presidente Trump ofereceu um prazo de duas semanas ao Irã para aceitar negociações, antes de considerar possíveis ações militares em alvos sensíveis como o complexo Fordow.
- União Europeia: Apelos ao “máximo de contenção” vieram de líderes como Merkel (Alemanha), Macron (França), Borrell (UE) e Guterres (ONU), que exigem desescalada imediata .
- Países do Oriente Médio: Nações como Arábia Saudita, Omã e Jordânia condenaram principalmente os ataques de Israel, classificando-os como ilegítimos e sob o risco de desencadear destabilização.
- Rússia e China: Ambos desaprovam o bombardeio aos locais nucleares iranianos, pedem moderação e oferecem-se como mediadores.
- Países alinhados ao Ocidente: Reino Unido, Austrália e Japão pedem contenção, mas dizem reconhecer o direito de Israel à autodefesa.
A Austrália, por exemplo, fechou sua embaixada em Teerã e desencadeou planos de repatriação de seus cidadãos.
Riscos e consequências regionais
Especialistas alertam que a sequência de ataques pode desestabilizar ainda mais o Oriente Médio, tornando países como Líbano, Síria e Iraque campos de conflitos indiretos ou guerras por procuração.
O que esperar a seguir?
- Diplomacia: Se as negociações de Genebra avançarem, pode ser possível frear os bombardeios. Do contrário, o risco de envolvimento mais direto dos EUA aumenta, especialmente se os ataques metastasiarem.
- Civis no centro da crise: Com hospitais atingidos, populações de Gaza, Israel e Irã enfrentam risco ampliado de crise humanitária e impacto global nos mercados de energia.
- Escalada militar: Uma ofensiva a instalações nucleares mais profundas no Irã poderia levar a consequências imprevisíveis – incluindo retaliações contra tropas ou munições norte-americanas na região.
Em resumo: a comunidade internacional se mobiliza para evitar uma guerra total. O futuro depende da disposição de cada parte em negociar; e, nesse meio tempo, milhões esperam que a retórica ofensiva ceda espaço ao diálogo.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/CNN