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Fim da isenção nas LCAs pode pressionar alta dos alimentos, alerta Frente Parlamentar da Agropecuária

Governo propõe tributar títulos de crédito do agronegócio como alternativa ao aumento do IOF, mas produtores e especialistas temem impacto no custo do crédito e no bolso do consumidor.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifestou nesta segunda-feira (9) uma profunda preocupação com a proposta do governo de tributar em 5% os rendimentos das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que hoje são isentas do imposto de renda.

Essa medida vem como alternativa ao recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e foi apresentada pela equipe econômica após uma reunião com líderes partidários no domingo (8). A FPA alerta que essa mudança pode ter um efeito direto e imediato no bolso do consumidor.

“A conta será paga pelo consumidor, que verá o preço dos alimentos subir”, afirma a entidade em nota oficial. Atualmente, cerca de 42% do financiamento da safra brasileira vem de fontes privadas e, desse total, 43% têm origem justamente nas LCAs.

“As LCAs são a base do financiamento agropecuário e estruturam o Plano Safra. A tributação tende a afastar investidores e a encarecer o crédito para quem produz, pressionando toda a cadeia produtiva”, completa a Frente Parlamentar.

Dados recentes mostram que o estoque de LCIs e LCAs na bolsa B3 chegou a quase R$ 980 bilhões no primeiro trimestre, o que evidencia a importância desses títulos para o agronegócio e para a economia do país.

Além da tributação sobre esses investimentos, o governo também propôs aumentar a taxação sobre as empresas de apostas esportivas, que passaria de 12% para 18%. Essas medidas fazem parte de um pacote para compensar a redução do IOF.

A FPA critica o foco exclusivo do governo na arrecadação, sem avançar em ajustes que realmente impactem as despesas obrigatórias ou revisem privilégios fiscais. “Mais uma vez, o ajuste fiscal prioriza a arrecadação sem enfrentar as verdadeiras causas do desequilíbrio das contas públicas”, diz a nota.

Entre as medidas discutidas com parlamentares estão a recalibragem do decreto do IOF, uma medida provisória para compensações de arrecadação e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para revisar benefícios tributários, além do compromisso com o controle e revisão de gastos primários. Contudo, ainda não houve consenso sobre temas sensíveis como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

A discussão segue no Congresso, enquanto produtores e especialistas alertam para os riscos que a tributação das LCAs pode trazer para o financiamento do agronegócio e para o preço final dos alimentos na mesa dos brasileiros.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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