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Galípolo terá que explicar novo estouro da meta de inflação em carta ao Ministério da Fazenda

Inflação acumulada de 12 meses atinge 5,35%, ultrapassando teto da meta pelo sexto mês seguido; é a segunda vez que presidente do BC presta contas durante o mandato

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deve encaminhar ainda nesta quinta-feira (10) uma carta aberta ao Ministério da Fazenda após o novo estouro do teto da meta de inflação. É a segunda vez neste ano que Galípolo precisa justificar formalmente por que a inflação oficial permanece acima do limite permitido.

O documento, previsto no regime de metas contínuas adotado pelo Brasil desde 2025, será enviado ao ministro Fernando Haddad, que também preside o Conselho Monetário Nacional (CMN). A divulgação está prevista para as 18h e deve detalhar os motivos do descumprimento da meta, as ações tomadas e a previsão de quando a inflação voltará ao patamar desejado.

De acordo com dados do IBGE, o IPCA de junho foi de 0,24%, acumulando alta de 5,35% em 12 meses: bem acima do teto da meta, que é de 4,5% (considerando a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para a meta central de 3%). Como o índice permanece acima do teto pelo sexto mês consecutivo, a carta se torna obrigatória.

Durante audiência na Câmara dos Deputados nesta semana, Galípolo demonstrou desconforto com o cenário. “Estamos todos no Copom bastante incomodados. Escrevi uma carta em janeiro e agora terei que escrever outra”, disse o presidente do BC.

Apesar da elevação da taxa Selic para 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, o Banco Central não conseguiu conter a alta disseminada dos preços. Dados internos mostram que 58,8% dos itens do IPCA estão acima do teto da meta, e 45,1% ultrapassam inclusive o dobro da meta, superando 6% de alta.

Galípolo rejeita qualquer ideia de afrouxamento das metas. “A meta é 3%. Não é uma sugestão. O Banco Central não vai se desviar nem um milímetro”, afirmou. Ele reiterou que a margem de tolerância existe para absorver choques pontuais, não para justificar leniência no combate à inflação.

A carta que será enviada ao CMN deve incluir:

  • Diagnóstico das causas do descumprimento da meta;
  • Explicações sobre medidas adotadas, como o aperto monetário;
  • Projeções para o retorno da inflação ao intervalo permitido;
  • E, se necessário, novas ações para garantir a convergência.

Se o cenário inflacionário continuar deteriorado nos próximos meses, novas cartas justificativas poderão ser exigidas do Banco Central, aumentando a pressão sobre a autoridade monetária e o governo federal.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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