Medidas visam proteger empregos e setores estratégicos enquanto governo busca negociação internacional em meio à tensão geopolítica.
O impacto do tarifaço imposto pelo ex-presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros não é apenas econômico; é também um verdadeiro teste de resistência para o Brasil, especialmente para quem vive do campo e da indústria. São bilhões de reais ameaçados, milhares de empregos em risco e um governo que precisa agir rápido para proteger seu povo.
Nesta segunda-feira (11), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reforçou que o plano de contingência contra as tarifas americanas terá prioridade máxima no Congresso. Esse pacote, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) estão fechando em Brasília, é uma resposta urgente para mitigar os efeitos dessa guerra comercial que impacta diretamente a vida de milhares de brasileiros.
Entre as medidas em estudo estão a proibição temporária de demissões nos setores mais afetados, o adiamento do pagamento de impostos federais e a expansão das compras governamentais de alimentos, como carne e café: dois dos produtos brasileiros mais penalizados pelas tarifas de 50%.
“O plano ainda está em construção, mas assim que chegar ao Congresso, terá prioridade. Sabemos da urgência e do impacto que essas medidas terão para preservar empregos e garantir o funcionamento dos setores produtivos”, afirmou Hugo Motta. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), já sinalizou apoio para a aprovação rápida, com expectativa de votação ainda em agosto e aplicação a partir de setembro.
Uma disputa que vai além da economia
O tarifaço de Trump não é um simples ajuste comercial. Ele está no centro de uma disputa política que envolve o Brasil, os Estados Unidos e o jogo eleitoral de 2026. As tarifas foram aplicadas numa tentativa de pressionar o governo brasileiro, que mantém relações mais próximas com países como China e Rússia e adota uma postura independente na geopolítica mundial: diferente do alinhamento mais direto do governo Bolsonaro com Washington.
A resposta do governo Lula tem sido firme: sem negociar diretamente com Trump, Lula intensifica diálogos multilaterais, busca novos parceiros comerciais e aposta em medidas internas para minimizar os danos. O vice-presidente Geraldo Alckmin prepara viagem ao México ainda este mês, com o objetivo de fortalecer acordos regionais e tentar reuniões nos Estados Unidos para ampliar as exceções às tarifas.
Na quarta-feira (13), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá encontro decisivo com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, buscando ampliar o diálogo e encontrar caminhos para aliviar as tensões comerciais.
Impactos diretos: R$ 22 bilhões e 146 mil empregos ameaçados
O tarifaço deve gerar um impacto estimado em R$ 22 bilhões, ameaçando 146 mil empregos na indústria e no agronegócio: setores que sustentam famílias, comunidades e a economia local em todo o Brasil. Para os produtores e trabalhadores, cada dia de espera por soluções é vivido com apreensão e esperança.
Enquanto isso, o Brasil acelera negociações para ampliar seu leque de parceiros comerciais, mirando mercados como Índia, Vietnã, Japão, Indonésia e, principalmente, a China, que já sinalizou interesse em aumentar as compras de carne e café brasileiros.
O desafio à frente
O desafio agora é equilibrar a urgência do plano de contingência com a complexidade das negociações internacionais e as tensões políticas. Proteger o emprego e a renda dos brasileiros mais vulneráveis passa pela capacidade do governo de implementar rapidamente as medidas e buscar soluções diplomáticas.
O tarifaço não é só uma questão econômica, é um chamado para que o Brasil reafirme sua soberania, fortaleça sua autonomia e reafirme seu protagonismo no cenário global: tudo isso enquanto luta para preservar a dignidade de quem produz e trabalha.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação