Especialistas apontam que dívida crescente e despesas obrigatórias podem comprometer investimentos essenciais para o país.
O futuro financeiro do Brasil acende um alerta: em 2027, o país poderá enfrentar um verdadeiro estrangulamento das contas públicas. A Instituição Fiscal Independente (IFI) aponta que, entre 2023 e 2025, cerca de R$ 324,3 bilhões foram retirados da meta fiscal, agravando a situação das finanças nacionais e diminuindo o espaço para investimentos em áreas essenciais, como saúde, infraestrutura, saneamento e moradia.
A retirada mais recente de R$ 9,5 bilhões do plano de contingência, destinada a apoiar empresários impactados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, é apenas um exemplo de decisões que pressionam ainda mais o orçamento. Marcus Pestana, diretor-executivo da IFI, alerta que todas as receitas estarão comprometidas com despesas obrigatórias de crescimento automático, deixando pouco ou nenhum espaço para políticas públicas estratégicas.
A projeção da IFI indica que a dívida pública pode alcançar 84% do PIB até o final de 2026 e, se o cenário atual persistir, chegar a 100% em 2030. Isso colocaria o Brasil em situação desfavorável em relação a outros países emergentes, limitando o crescimento econômico e o desenvolvimento social.
Para reverter essa trajetória, especialistas defendem uma reforma fiscal profunda, que inclua revisão de incentivos e renúncias fiscais, ajustes na previdência e flexibilização do orçamento, buscando frear o avanço da dívida e recuperar a capacidade de investimento do país. Atualmente, enquanto na Ásia os investimentos representam em média 35% do PIB, no Brasil esse número é de apenas 17%, comprometendo áreas estratégicas como ciência, tecnologia e infraestrutura.
Texto: Daniela Castelo Branco
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