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Indústria vê risco de colapso com tarifaço dos EUA e aponta dificuldades para abrir novos mercados

Setores do cacau e da química dizem que sobretaxa é insustentável e pode causar paralisações e demissões no Brasil.

Representantes da indústria brasileira afirmaram, nesta semana, que será extremamente difícil encontrar novos mercados para escoar a produção afetada pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O alerta foi feito durante encontros com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em Brasília.

Um dos setores mais preocupados é o de cacau. Anna Paula Losi, presidente da AIPC (Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau), disse que o impacto é imediato e não há, no curto prazo, alternativa viável para substituir os EUA como destino da manteiga de cacau: produto que tem os americanos como segundo maior importador.

“Abrir novos mercados é sempre importante, mas não resolve o problema imediato. Acho pouco provável que a gente consiga novos mercados que absorvam todo o volume que hoje vai para os Estados Unidos”, disse Losi. “Se essa produção for jogada no mercado interno, a cadeia pode entrar em colapso.”

O setor químico compartilha da mesma angústia. André Passos, presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), afirmou que a exportação de produtos químicos para os EUA soma US$ 2,4 bilhões por ano e está concentrada em cerca de 50 categorias. A sobretaxa de 50% torna a operação “insustentável”, nas palavras dele.

“É muito difícil abrir novos mercados no curto prazo. A tarifa é inviável e vai acabar prejudicando também empresas americanas que operam aqui e lá. A pressão sobre o próprio governo dos Estados Unidos deve aumentar”, afirmou Passos.

Preocupação com empregos e retração da atividade

Além dos líderes setoriais, centrais sindicais também participaram dos encontros no Ministério do Desenvolvimento e levaram a preocupação com os empregos. O temor é que o impacto nas exportações leve a cortes de vagas e paralisações em diversas plantas industriais.

Segundo relatos, algumas empresas já iniciaram suspensão de operações e antecipação de férias coletivas, após receberem pedidos de compradores estrangeiros para adiar ou cancelar remessas de produtos brasileiros.

Apesar da gravidade do cenário, o governo brasileiro, segundo interlocutores, pretende continuar negociando sem adotar retaliações imediatas. A expectativa é que o diálogo diplomático e a pressão de setores econômicos nos próprios EUA possam levar a uma revisão parcial ou total do tarifaço.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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