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Intimação a Moraes acirra crise diplomática entre Brasil e EUA

Ministro do STF é alvo de ação nos Estados Unidos movida por aliados de Trump; AGU prepara defesa e governo Lula tenta conter tensão política e comercial.

A nova ordem de intimação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expedida pela Justiça dos Estados Unidos, ampliou o clima de tensão entre Brasil e EUA. A ação foi movida pela Trump Media e pela plataforma de vídeos Rumble, que acusam o magistrado de censura e violação de leis americanas, ao determinar o bloqueio de perfis em redes sociais hospedadas nos EUA.

O documento judicial dá um prazo de 21 dias para que Moraes se manifeste. Caso contrário, a Justiça americana poderá decidir a ação à revelia. Desde a primeira intimação, em junho, a Advocacia-Geral da União (AGU) e o STF vêm monitorando o caso de perto. Agora, a AGU elabora minutas para uma eventual defesa formal do ministro no exterior, enquanto o STF fornece subsídios técnicos para sustentar a argumentação jurídica.

Nos bastidores do Judiciário brasileiro, o processo é interpretado como uma retaliação direta ao entendimento recente do STF, que responsabilizou redes sociais por conteúdos de terceiros, gerando desconforto com setores conservadores dos EUA, especialmente ligados ao ex-presidente Donald Trump.

Escalada política

A situação ganhou contornos ainda mais delicados após novas críticas de Trump ao Supremo brasileiro. Em suas redes sociais, o republicano voltou a atacar Moraes e associou as decisões judiciais no Brasil a tentativas de silenciar opositores políticos: incluindo seu aliado, Jair Bolsonaro.

Além disso, Trump ameaçou impor tarifas comerciais a países do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, e mais recentemente Irã, Egito e Etiópia. Segundo ele, o Brics seria um “grupo antiamericano” que visa “enfraquecer o dólar no comércio global”.

Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a soberania do Brics e rebateu as declarações do republicano: “Nós não aceitamos nenhuma reclamação sobre a reunião do Brics”, afirmou Lula, após encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Tentativa de conter o tarifaço

Apesar da troca de farpas públicas, uma equipe técnica do governo brasileiro está em Washington para tentar conter o avanço de um tarifaço sobre produtos nacionais. As negociações buscam preservar relações comerciais estratégicas e evitar que a disputa político-judicial entre Moraes e aliados de Trump respingue no campo econômico.

Paralelamente, Alexandre de Moraes prorrogou por mais 60 dias o inquérito contra o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado por possível atuação nos EUA contra autoridades brasileiras, o que pode acirrar ainda mais o conflito diplomático e jurídico entre os dois países.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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