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Irã lança míssil hipersônico Sejjil contra Israel e eleva tensão no Oriente Médio

Arma de longo alcance e velocidade impressionante desafia as defesas israelenses e marca uma nova etapa no confronto entre os dois países

O conflito entre Irã e Israel atingiu um novo patamar de gravidade com a estreia em combate do míssil balístico Sejjil, um dos armamentos mais avançados do arsenal iraniano. O ataque, ocorrido no dia 18 de junho de 2025 e confirmado pelo Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), fez parte da chamada “Operação Promessa Verdadeira 3” e teve como alvos estratégicos cidades como Tel Aviv e Haifa.

O uso dessa arma hipersônica representa uma mudança de escala e de qualidade nas ofensivas diretas entre os dois países, ampliando o risco de uma escalada ainda mais violenta no Oriente Médio.

O que é o Sejjil?

Desenvolvido para substituir os mísseis da família Shahab, o Sejjil (cujo nome em persa faz referência a um termo corânico que significa “barro cozido”) é um míssil balístico de médio alcance, com tecnologia de dois estágios e propulsão a combustível sólido. Isso permite ao Irã um tempo de resposta mais rápido e maior mobilidade no lançamento.

Entre as principais características técnicas, destacam-se:

  • Alcance: Entre 2.000 e 2.500 km, suficiente para atingir Israel, Arábia Saudita e até partes da Europa a partir do território iraniano.
  • Velocidade: Pode alcançar até Mach 14 (cerca de 17 mil km/h) durante a reentrada, o que o coloca na categoria de mísseis hipersônicos.
  • Carga útil: Transporta ogivas com capacidade de até 1.000 kg, que podem incluir explosivos de alto impacto ou submunições.
  • Precisão: Estimativas indicam um raio de erro de menos de 50 metros, tornando-o altamente eficaz contra alvos fixos, como bases militares e centros de comando.
  • Capacidade de manobra: Equipado com barbatanas aerodinâmicas, o Sejjil consegue ajustar sua trajetória na fase final do voo, dificultando a interceptação por sistemas de defesa antiaérea.

Além disso, o combustível sólido torna o míssil menos vulnerável a ataques preventivos, pois reduz drasticamente o tempo de preparação antes do lançamento.

Um salto tecnológico

Especialistas apontam que o Sejjil representa um salto qualitativo na capacidade militar iraniana. Uzi Rubin, ex-diretor da Organização de Defesa de Mísseis Balísticos de Israel, afirma que o míssil não possui similaridades diretas com modelos de países como Coreia do Norte, Rússia ou China, o que reforça a ideia de um desenvolvimento tecnológico próprio por parte do Irã.

Desde seus primeiros testes bem-sucedidos, em 2008 e 2009, o Sejjil já era tratado como uma “joia” do programa de mísseis iraniano. Agora, com o uso em combate, esse status ganha contornos ainda mais preocupantes para Israel e para a comunidade internacional.

O poder destrutivo em campo

O impacto do ataque do dia 18 de junho deixou marcas importantes. Segundo relatos das Forças de Defesa de Israel (FDI) e de veículos como o jornal Haaretz, os mísseis atingiram instalações estratégicas como a refinaria de Haifa e o Instituto Weizmann de Ciência, além de prédios residenciais em Tel Aviv.

Ao menos 24 pessoas morreram e cerca de 500 ficaram feridas, aumentando a tensão e o clima de insegurança em todo o país.

Embora parte dos mísseis tenha sido interceptada por sistemas como o THAAD americano e o Arrow israelense, alguns romperam as defesas e provocaram danos consideráveis. Isso expõe uma fragilidade preocupante, já que a velocidade hipersônica e a capacidade de manobra tornam o Sejjil um alvo difícil até mesmo para as defesas mais modernas.

Mais que destruição: um recado político e militar

O lançamento do Sejjil também tem um forte peso simbólico. O Irã quis enviar uma mensagem clara de capacidade e resistência, especialmente após os ataques israelenses que atingiram instalações nucleares em Natanz e resultaram na morte de importantes líderes militares iranianos, como Hossein Salami e Mohammad Bagheri.

Analistas como Fabian Hinz, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), destacam que a entrada do Sejjil no campo de batalha, ao lado de outros mísseis como o Kheibar Shekan, representa um novo desafio para os sistemas de defesa de Israel e dos aliados ocidentais.

Um conflito em rota de colisão

A comunidade internacional acompanha com preocupação o desenrolar dos acontecimentos. Países como Reino Unido, Rússia e China pediram contenção, mas o cenário atual é de incerteza e alto risco de escalada.

Israel promete reagir com firmeza, enquanto o Irã reforça sua retórica de que os ataques são uma resposta legítima a agressões anteriores.

O fato é que o Sejjil mudou o equilíbrio das capacidades militares na região. Sua combinação de velocidade, alcance e precisão aumenta o temor de que os próximos capítulos desse conflito sejam ainda mais destrutivos e imprevisíveis.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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