Ao assumir presidência do bloco em cúpula na Argentina, presidente brasileiro também cobra soberania digital e quer beneficiamento de minerais no próprio continente
Durante discurso na 66ª Cúpula do Mercosul, realizada nesta quinta-feira (3) em Buenos Aires, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que os países do bloco passem a utilizar moedas locais nas transações comerciais, como forma de reduzir custos e diminuir a dependência de moedas estrangeiras, especialmente do dólar. A proposta foi apresentada logo após o Brasil assumir a presidência rotativa do bloco, que será exercida até dezembro.
Lula também destacou a necessidade de o Mercosul diversificar suas relações comerciais, com uma atenção especial voltada para a Ásia, citando a China, Índia, Coreia do Sul, Japão, Vietnã e Indonésia como parceiros estratégicos. Segundo ele, o bloco já avançou em suas negociações com a Europa e agora deve “ampliar horizontes”.
O presidente ressaltou a conclusão do acordo de livre comércio com o Efta — bloco europeu formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein — e o avanço no tratado com a União Europeia, ambos em fase de finalização, aguardando apenas a assinatura oficial.
Além disso, Lula cobrou agilidade nas negociações com Canadá, Emirados Árabes e Panamá, sinalizando uma agenda ambiciosa durante o comando brasileiro no Mercosul.
Soberania digital e valorização de recursos locais
Outro ponto destacado por Lula foi a importância de garantir a soberania digital dos países do bloco. Ele defendeu a criação de centros de processamento de dados dentro do território dos países do Mercosul, como forma de proteger dados estratégicos e reduzir a dependência de infraestrutura estrangeira.
Sobre recursos naturais, o presidente afirmou que o beneficiamento de minerais críticos extraídos na América do Sul deve ocorrer localmente, com foco na transferência de tecnologia e geração de empregos na região. A ideia é evitar a exportação de matéria-prima bruta e fortalecer cadeias produtivas regionais.
Com o Brasil na presidência rotativa, a expectativa é de um Mercosul mais ativo na agenda internacional, voltado tanto para a integração regional quanto para a expansão estratégica de suas parcerias comerciais.
Texto: Daniela Castelo Branco
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