Presidente brasileiro quer convencer líder russo a comparecer a negociações em Istambul e propõe cessar-fogo de 30 dias
Durante visita à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que pretende fazer um apelo direto ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, para que participe pessoalmente das negociações de paz com a Ucrânia, marcadas para esta semana em Istambul, na Turquia. A declaração foi feita em coletiva de imprensa nesta terça-feira (14), em Pequim.
Segundo Lula, o pedido partiu do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, que procurou o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, para que o Brasil atuasse como ponte entre Kiev e Moscou. A Ucrânia espera que o Brasil use sua influência para convencer o Kremlin a se sentar à mesa de negociações.
“Quando eu estava chegando em Moscou, o Mauro Vieira recebeu uma ligação do chanceler ucraniano, pedindo que eu perguntasse ao Putin se ele estaria disposto a negociar a paz”, relatou Lula. “Foi a primeira coisa que eu disse a ele no jantar: ‘Tenho um recado do Zelensky. Você aceitaria uma trégua de 30 dias?’”
De acordo com Lula, Putin demonstrou abertura ao diálogo. “O Putin disse textualmente: ‘Eu topo discutir isso’”, contou o presidente, revelando que o líder russo sinalizou interesse em retomar as conversas a partir do acordo que vinha sendo costurado em Istambul em 2022, mas que acabou interrompido.
“A ideia é conseguir esse cessar-fogo e reabrir as discussões com base naquele entendimento. Precisamos parar de matar e começar a conversar”, completou Lula.
Apesar de a nota conjunta assinada por Brasil e China não mencionar um cessar-fogo, Lula reiterou o compromisso do governo brasileiro com a diplomacia e a construção de soluções multilaterais para o fim da guerra.
“Nós defendemos o diálogo. Não é com mais armas que se constrói a paz, mas com coragem para negociar”, disse o presidente.
A movimentação brasileira acontece em um momento de esforços internacionais renovados para encerrar o conflito que já dura mais de dois anos e tem causado profundas perdas humanas e econômicas. Com sua tradição diplomática e posição neutra, o Brasil busca se colocar como um articulador possível entre as partes.
Por: Daniela Castelo Branco
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