Presidente reforça defesa da soberania nacional e anuncia medidas legais contra sanções; operação da PF contra ex-presidente intensifica crise política e diplomática.
O cenário político brasileiro voltou a ganhar intensidade nesta sexta-feira (18), em um momento marcado por tensões internas e repercussões internacionais. Enquanto a Polícia Federal cumpria mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e na sede do PL em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento incisivo em rede nacional para rebater o “tarifaço” de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Medidas cautelares e restrições impostas a Bolsonaro
Bolsonaro, alvo de investigação por crimes como coação no processo, obstrução da Justiça e ataque à soberania nacional, foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica e cumprir recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, além de estar proibido de usar redes sociais e de manter contato com embaixadores, diplomatas estrangeiros e outros investigados, inclusive seu filho Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos.
A operação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que justifica as medidas pela atuação “dolosa e consciente” de Bolsonaro e Eduardo para submeter o funcionamento do STF ao “crivo de outro Estado”, numa tentativa explícita de interferência estrangeira.
Repercussões políticas e posicionamentos nacionais
Enquanto o Supremo julga a validade das medidas cautelares, a repercussão política não tardou: aliados próximos, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defenderam Bolsonaro e criticaram a proibição do contato entre pai e filho, qualificando a situação como uma “sucessão de erros” que afasta o país do caminho democrático.
Reação internacional e apoio de Trump a Bolsonaro
Nos bastidores internacionais, a Casa Branca acompanha o caso em tempo real. Jason Miller, ex-conselheiro de Donald Trump, classificou a operação como “ditatorial e antidemocrática”, enquanto o próprio Trump enviou carta a Bolsonaro afirmando que “está observando de perto” e pedindo a suspensão do julgamento.
Lula denuncia “traidores da pátria” e reforça soberania
Em resposta ao “tarifaço” e à crise que envolve o ex-presidente, Lula não hesitou em usar o espaço nacional para acusar políticos que apoiaram as sanções de serem “traidores da pátria”. O presidente enfatizou que não aceitará nenhuma interferência externa no Judiciário brasileiro, defendendo a independência das instituições e a soberania nacional como valores inegociáveis.
Estratégias legais para enfrentar o tarifaço
Para conter os efeitos das tarifas impostas pelos EUA, Lula anunciou que o governo brasileiro recorrerá a instrumentos legais, como a Lei de Reciprocidade Econômica e medidas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele ainda denunciou ataques que buscam fragilizar o sistema financeiro nacional, citando especificamente o Pix como símbolo da autonomia econômica do país.
Caminho político e diplomático nos próximos dias
O pronunciamento de Lula e a ação da PF contra Bolsonaro representam capítulos entrelaçados de uma crise que transcende o campo jurídico, afetando o equilíbrio institucional e as relações internacionais do Brasil. Nos próximos dias, os desdobramentos dessas movimentações devem definir não só o futuro político do ex-presidente, mas também o rumo das negociações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos, em um momento delicado para a imagem e a economia brasileiras.
Texto: Daniela Castelo Branco
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