Áudio enviado ao ex-presidente consta no relatório da PF e revela tensão dentro do clã Bolsonaro.
A força das palavras pode machucar, e neste caso, a gravidade do áudio que circula revela uma tensão que vai muito além da política: é o choque de vaidades, ambições e rancores dentro do próprio núcleo de poder. O pastor Silas Malafaia, em gravação enviada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chamou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de “babaca” e ameaçou “arrebentar” o parlamentar, segundo relatório da Polícia Federal (PF) que investiga coação no julgamento da ação penal da trama golpista.
O documento detalha que Bolsonaro e o filho foram indiciados pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, por meio da tentativa de restringir o exercício dos Poderes constitucionais. O relatório foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que, por sua vez, encaminhou à Procuradoria-Geral da República para decisão sobre denúncia, diligências complementares ou arquivamento da investigação.
No áudio, Malafaia demonstra irritação com Eduardo e exalta o trabalho de Flávio Bolsonaro, ao mesmo tempo que dispara críticas duras e ameaças ao deputado:
“E vem o… vem teu filho babaca falar m***! Dando discurso nacionalista, que eu sei que você não é a favor disso. Dei-lhe um esporro, cara… mandei um áudio pra ele de arrombar. E disse para ele, a próxima que tu fizer eu gravo um vídeo e te arrebento! Falei pro EDUARDO. Vai pro meio de um c*****, pô. Essa fogueira de m**** de vaidade…”*
O episódio deixa claro que, além da disputa judicial, há um cenário interno conturbado, onde vaidades e ambições políticas colidem. A gravação não é apenas uma denúncia de conflito: é um retrato cru da pressão, da estratégia e das disputas que acontecem nos bastidores do poder, mostrando que o que se decide nas sombras pode ter impactos diretos sobre a democracia e no futuro político do país.
No fim, o áudio de Malafaia é mais do que uma provocação; é um alerta de que, quando interesses pessoais se sobrepõem ao coletivo, o risco é grande e as consequências, inevitáveis. Para quem observa de fora, a cena é uma lembrança dura de que o poder, quando mal administrado, pode se voltar contra os próprios atores, deixando marcas que não se apagam com discursos ou justificativas.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação
Reportagem: CNN Brasil