Caso de homem que correu 8 km embriagado no Pará levanta alerta de especialistas.
O vídeo parecia só mais um momento divertido da internet: Isaque “Corredor”, morador de Garrafão do Norte (PA), cruzando a linha de chegada de uma corrida de 8 km de chinelos e visivelmente embriagado. Ele até levou a medalha para casa e conquistou milhares de curtidas e compartilhamentos. Mas por trás da cena viral, existe um alerta sério à saúde:correr bêbado pode ser perigoso e trazer sérias consequências para a saúde.
Apesar de ter chegado ao fim da prova e recebido uma medalha, Isaque se expôs a riscos importantes. A embriaguez afeta coordenação motora, percepção e equilíbrio, aumentando a chance de lesões e acidentes, segundo explica a médica do esporte Silvana Vertematti, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.
“A bebida alcoólica causa alterações motoras, neurocognitivas e musculares, o que torna imprudente a realização de exercícios. O indivíduo alcoolizado está mais vulnerável a lesões musculoesqueléticas e a quedas que podem ter risco de vida. O álcool também provoca desidratação”, alerta a especialista.
Cerveja no corpo e sol na cabeça: a combinação perigosa
Além do prejuízo à coordenação, o calor somado à desidratação provocada pelo álcool cria um cenário ainda mais arriscado.
“O exercício físico em estado de embriaguez é realizado em condições adversas à hidratação, especialmente em ambientes quentes. O indivíduo terá dificuldade para dissipar o calor gerado pela atividade física, especialmente se for intensa”, explica Silvana.
Em casos assim, o risco de desmaios, câimbras, taquicardia e até colapsos graves aumenta consideravelmente.
E correr ajuda na ressaca? Especialistas dizem que não
Um mito comum é que correr pode “curar” os efeitos do álcool, mas a médica alerta que essa estratégia é perigosa.
“O exercício físico não é o ideal para tratar o mal-estar causado pelo consumo de álcool. Pelo contrário, ele redistribui o fluxo sanguíneo e pode agravar o quadro de quem está embriagado”, explica.
Ou seja: o que rende risadas nas redes sociais pode terminar em hospital. Mesmo com o carisma do “corredor de chinelo”, especialistas reforçam que misturar álcool e atividade física não é brincadeira.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação