Depoimento do ex-ministro encerra a fase de testemunhas no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022.
O senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do Desenvolvimento Regional no governo Jair Bolsonaro, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente se preocupou para que não houvesse “excessos” durante a transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022.
O depoimento, dado nesta segunda-feira (2), marcou o encerramento das oitivas das testemunhas de defesa do chamado “núcleo 1” do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições.
De acordo com Marinho, Bolsonaro teria demonstrado “grande preocupação para que não houvesse bloqueios de rodovias” ou qualquer atitude que pudesse prejudicar a economia, a vida da população ou a transferência de comando do país.
“Todos estávamos chateados, não esperávamos a derrota. Eu via o presidente preocupado para não haver bloqueio de rodovias ou algo que prejudicasse a vida das pessoas, algo que atrapalhasse a economia ou a mudança do comando do país”, declarou o senador.
Ele também contou que participou de uma reunião no Palácio da Alvorada logo após o segundo turno das eleições, e que, embora abatido, Bolsonaro estava focado na transição e satisfeito com o desempenho do PL no Congresso Nacional.
Contradições no inquérito
O depoimento de Marinho se soma aos outros 52 testemunhos colhidos nesta fase, a maioria deles negando que os acusados; entre eles Bolsonaro e aliados, tenham arquitetado um plano para impedir a posse de Lula.
Por outro lado, dois ex-comandantes das Forças Armadas confirmaram que o então presidente e assessores chegaram a apresentar “estudos” sobre Estado de Sítio, Estado de Defesa e Garantia da Lei e da Ordem (GLO), medidas que poderiam ser usadas para tentar mantê-lo no poder.
Próxima etapa: interrogatórios dos réus
Com o fim das oitivas das testemunhas, o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, já marcou a próxima fase: na segunda-feira, dia 9 de junho, começam os interrogatórios dos réus envolvidos na investigação sobre a tentativa de golpe.
Por: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação