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Moraes pede 10 anos de prisão e cassação de Carla Zambelli por invasão ao sistema do CNJ

Deputada bolsonarista é acusada de ser mentora intelectual do ataque hacker que tentou inserir mandado falso contra o ministro do STF.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pode ser condenada a 10 anos de prisão e perder o mandato parlamentar. A proposta foi apresentada nesta sexta-feira (9) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que a considera responsável intelectual pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em janeiro de 2023.

De acordo com o voto do relator, Zambelli teria atuado diretamente com o hacker Walter Delgatti na tentativa de inserir no sistema um falso mandado de prisão contra o próprio Moraes, além de outras ações ilegais que comprometeram a integridade da plataforma do Judiciário. Para Moraes, o plano foi “vil” e gerou “danos relevantes e duradouros à credibilidade das instituições”.

O caso, que envolve um dos episódios mais graves de ataque digital ao Judiciário brasileiro, está sendo julgado no plenário virtual da Primeira Turma do STF. Os demais ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux, têm até o dia 16 de maio para votar.

Aposta no desgaste institucional

Segundo a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ataque hacker teve como pano de fundo um projeto político: desgastar o Supremo e gerar repercussão pública. “Houve clara intenção de obter vantagem midiática e política por meio da desinformação e do descrédito das instituições”, escreveu Gonet.

Zambelli teria se encontrado com Delgatti pessoalmente e orientado o ataque virtual. O hacker, que ganhou notoriedade durante a operação Spoofing, confirmou em depoimento que seguiu ordens da parlamentar.

Defesa rebate versão de Delgatti

A defesa da deputada, no entanto, afirma que não há provas concretas. O advogado Daniel Bialski argumenta que o único elo entre Zambelli e o crime seria o depoimento do hacker, o qual ele considera “inverídico e contraditório”. Segundo ele, “não se pode condenar ninguém com base exclusiva no que diz um réu confesso com interesses pessoais”.

Mais um caso na fila

Além da denúncia atual, Zambelli ainda responde a outra ação penal no STF, referente ao episódio em que perseguiu um jornalista com arma em punho, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. Esse processo está suspenso por enquanto, após pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Caso a condenação pela invasão ao CNJ seja confirmada até o dia 16, caberá à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados deliberar sobre a perda de mandato, decisão que, tradicionalmente, envolve considerações políticas além do aspecto jurídico.

Por: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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