Ministro do STF enfrenta pressão internacional, ataques internos e risco de novas revelações que podem abalar Brasília.
O cerco ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, nunca esteve tão apertado.
Em meio à crise diplomática com os Estados Unidos, às sanções impostas pelo governo Donald Trump e à ameaça de novas punições contra autoridades brasileiras, uma nova bomba surge no horizonte: Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes, promete expor os bastidores do gabinete do ministro, com denúncias que ele descreve como “explosivas”.
“Destruiu minha vida e a de várias pessoas. Logo eu estarei mostrando para o Brasil quem é Alexandre de Moraes e os bastidores do seu gabinete”, escreveu Tagliaferro em suas redes, agora vivendo na Itália.
O ex-assessor chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, nomeado por Moraes em 2022, e afirma ter provas de fraudes e irregularidades internas. Segundo ele, “só entravam coisas de direita e nada de esquerda” no gabinete: um indício que ele diz ter começado a questionar.
Sanções americanas e efeitos práticos
A Lei Magnitsky, usada pelo governo Trump, pune estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos, bloqueia bens em bancos ligados aos EUA e restringe serviços financeiros e tecnológicos.
Na prática, isso significa que Moraes pode ter cartões de crédito cancelados, contas bloqueadas e até restrições no uso de iPhones, Androids e redes sociais americanas, por over compliance, quando empresas globais aderem espontaneamente às sanções para evitar punições.
Casos semelhantes já ocorreram: Ramzan Kadyrov, líder da Chechênia, teve suas contas no Facebook e Instagram derrubadas após entrar na lista de sanções em 2017.
Além disso, especialistas alertam que companhias aéreas com operações nos EUA podem se recusar a vender passagens ao ministro, ampliando o isolamento imposto pela medida.
Pressão política e ameaça de novas punições
Fontes ouvidas pela CNN revelaram que o plano do governo americano é gradativo:
- Outros ministros do STF que votaram contra Bolsonaro podem ser incluídos na lista da Magnitsky;
- Restrições de vistos para assessores do governo Lula e aumentos de taxas para brasileiros estão no radar;
- Tarifas comerciais já estão sendo usadas como instrumento de pressão política e econômica.
Segundo o analista Lourival Sant’Anna, a estratégia de Trump é clara: punir adversários e premiar aliados. Enquanto Argentina, sob Javier Milei, discute tarifa zero e isenção de vistos, o Brasil enfrenta taxações pesadas e isolamento diplomático.
O efeito Tagliaferro
As declarações do ex-assessor surgem em meio a esse turbilhão e podem acirrar ainda mais a narrativa internacional contra Moraes.
Indiciado em maio pela Polícia Federal por violação de sigilo funcional, Tagliaferro promete trazer à tona informações internas do gabinete que, segundo ele, mostrariam “coisas fraudulentas”.
Ele afirma que pretende expor publicamente o ministro, em um momento em que Moraes já é alvo de ataques do bolsonarismo, de sanções externas e de intensas pressões internas.
Para aliados do magistrado, as revelações seriam parte de uma tentativa coordenada de desmoralização, enquanto opositores enxergam uma oportunidade de fragilizar o pilar mais firme da reação institucional ao 8 de Janeiro.
Um Brasil em tensão
Com revelações prometidas, sanções em vigor e risco de novas punições, o episódio evidencia como a crise doméstica e internacional se entrelaçam.
Moraes, que se tornou símbolo de resistência para uns e alvo prioritário para outros, agora enfrenta uma guerra em múltiplas frentes:
- Nos tribunais, com processos sobre a tentativa de golpe;
- Na diplomacia, com os EUA testando os limites da soberania brasileira;
- Na opinião pública, prestes a receber novas faíscas vindas de Roma.
O país acompanha, em tempo real, a escalada de um embate que ultrapassa fronteiras e pode moldar os próximos capítulos da história política brasileira.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação