Presidente brasileiro participa como convidado e, até agora, só tem uma reunião bilateral confirmada
A possibilidade de um encontro privado entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cúpula do G7 no Canadá, é considerada remota até mesmo por integrantes da comitiva brasileira. Ambos devem participar das reuniões gerais do evento, mas uma conversa reservada entre os dois líderes dificilmente vai acontecer.
O G7 reúne as principais economias do mundo: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão e costuma ter uma agenda intensa e com pouco espaço para encontros bilaterais com países convidados, como é o caso do Brasil nesta edição.
Até o momento, Lula tem apenas uma reunião bilateral confirmada: com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, anfitrião da cúpula. A expectativa é de que o presidente brasileiro utilize os encontros multilaterais para defender a pauta ambiental e o papel do Brasil como liderança no Sul Global.
Silêncio sobre pedido de Zelensky
Outro ponto que chama atenção nos bastidores é o silêncio do governo brasileiro diante de um pedido oficial do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para se reunir com Lula durante o G7. A solicitação foi feita, mas ainda não houve resposta formal por parte do Palácio do Planalto.
A guerra entre Rússia e Ucrânia será um dos temas centrais do encontro, e a possível ausência de diálogo entre Lula e Zelensky pode ser interpretada como um sinal político, principalmente após episódios anteriores de desconforto entre os dois.
Clima político e prioridades
Nos bastidores, interlocutores avaliam que Donald Trump já chega ao G7 com uma agenda cheia de bilaterais com os países-membros permanentes do grupo. Além disso, o clima político entre Brasil e Estados Unidos também não é dos mais calorosos desde a volta do petista ao poder. Apesar disso, há expectativa de encontros informais ou interações breves durante os painéis da cúpula.
Para Lula, o foco no G7 será reforçar a imagem do Brasil como articulador em temas globais, com destaque para a transição energética, o combate à desigualdade e a promoção da paz. Ainda assim, os movimentos (ou ausências deles) ao longo do encontro serão observados com atenção por aliados e críticos.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/BBC