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No STF, réus reagem: defesas de Bolsonaro e generais constestam acusações no 2º dia de julgamento

Na manhã desta quarta-feira (3 de setembro de 2025), no segundo dia da fase final do julgamento na 1ª Turma do STF, defesas de Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto apresentaram sustentações potentes, questionando provas, provas e cerceamento, enquanto o processo entra em nova etapa determinante na próxima semana.

O que rolou no segundo dia do julgamento

1. Sustentações orais de peso

A sessão foi dedicada inteiramente às defesas de quatro dos réus acusados de integrar o suposto núcleo central da trama golpista que mirava o resultado das eleições de 2022: entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.

               •  Augusto Heleno (defesa por Matheus Milanez): criticou a condução do processo, afirmando que houve disponibilização tardia de volumosa documentação (800 GB), além de questionar a imparcialidade do relator Alexandre de Moraes, que fez mais de 300 perguntas durante o interrogatório. A defesa destacou que Heleno “figurava no cenário, mas não se manifestava” e que seu afastamento do núcleo decisório excluiria possível envolvimento.

               • Jair Bolsonaro (defesas por Celso Vilardi e Paulo Amador Thomaz Alves da Cunha Bueno): alegaram ausência de provas que o conectem a atos golpistas ou aos ataques de 8 de janeiro, e questionaram a credibilidade da delação de Mauro Cid: tida como contraditória e parcial. Vilardi afirmou que Bolsonaro foi “dragado” para os fatos, e que pediu a transição de governo, além de alegar não conhecer a íntegra do processo com humildade. Cunha Bueno comparou o caso a um “erro judiciário estilo Dreyfus” e argumentou que não houve violência ou grave ameaça nos fatos denunciados.

               •  Paulo Sérgio Nogueira (advogado Andrew Fernandes Farias): destacou que o general tentou dissuadir Bolsonaro de aderir a medidas autoritárias, repelindo os quatro pontos principais da acusação, ressaltando que a principal testemunha confirmou tal atuação.  A defesa ainda arrancou sorrisos ao citar a “querida sogra” e trazer metáforas literárias durante sua fala.

               •  Walter Braga Netto (defesa por José Luis de Oliveira Lima): denunciou cerceamento de defesa e impugnou a delação de Mauro Cid, considerada sem voluntariedade e inconsistente. Reforçou que Braga Netto é inocente, que a acusação se baseia na fala de “um irresponsável” (Cid) e que não há provas concretas.

Próximos passos decisivos

               •   O julgamento será retomado na próxima semana, com a apresentação do parecer do relator, ministro Alexandre de Moraes, seguido dos votos dos demais ministros da 1ª Turma: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. São necessários três votos favoráveis para condenação ou absolvição.

               •   A sessão dessa quarta-feira se encerrou por volta das 12h53 ou 12h54, conforme diferentes relatos.

Principais argumentos das defesas no julgamento da trama golpista

RéuPrincipais argumentos da defesa
Augusto HelenoAlegou cerceamento de defesa e dificuldade de acesso a provas; sustentou que não teve papel ativo no “núcleo duro” da trama.
Jair BolsonaroDefesas afirmaram ausência de provas contra o ex-presidente, questionaram a delação de Mauro Cid e destacaram que ele chegou a pedir a transição de governo.
Paulo Sérgio NogueiraDefesa disse que o general tentou dissuadir Bolsonaro de medidas golpistas; testemunhas confirmaram que ele não aderiu a qualquer conluio.
Walter Braga NettoSustentou que a delação de Mauro Cid é inconsistente; denunciou cerceamento processual e afirmou que não há provas concretas contra ele.

Linha do tempo – próximos passos do julgamento

               •   Próxima semana – O relator Alexandre de Moraes apresenta seu voto, seguido pelos demais ministros da 1ª Turma (Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin).

               •   Sequência dos votos – cada ministro terá espaço para expor seu entendimento sobre a denúncia e fundamentar a decisão.

               •    Definição – são necessários três votos para formar maioria, seja pela condenação ou pela absolvição.

               •     Etapa final – após a votação, o STF poderá fixar penas ou arquivar a ação penal, definindo os rumos políticos e jurídicos do caso.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação/CNN Brasil

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