Aliado de Eduardo Bolsonaro diz que sanções a outros ministros do STF virão se não houver anistia aos réus dos atos golpistas.
Em meio ao agravamento da crise institucional entre Brasil e Estados Unidos, o jornalista e YouTuber Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente militar João Figueiredo e aliado próximo de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal. Em entrevista à coluna, ele afirmou que o ministro Alexandre de Moraes está “histérico e descontrolado” e que outras sanções do governo americano a membros da Corte devem acontecer “sem sombra de dúvida”, caso não haja anistia aos investigados por tentativa de golpe de Estado.
Radicado nos Estados Unidos e também réu em processo que apura a trama golpista após as eleições de 2022, Figueiredo comparou o comportamento de Moraes a “um vilão nos capítulos finais da novela”, citando o gesto obsceno do ministro durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras, na última quarta-feira (30).
O jornalista foi citado nominalmente no decreto assinado por Donald Trump que impôs tarifas de 50% a produtos brasileiros, em um movimento que ele próprio reconhece como parte da pressão americana contra o STF. Para Figueiredo, sem um gesto de anistia aos aliados de Jair Bolsonaro, novos ministros da Corte serão alvo de sanções internacionais.
Leia abaixo a íntegra da entrevista.
O sr. acha que existe a possibilidade de outras autoridades brasileiras serem sancionadas?
O próprio texto da lei é claro, oferecendo sanções a todos que tenham “assistido, patrocinado ou fornecido apoio financeiro, material ou tecnológico para tais atos”.
A partir de agora, vamos observar como as autoridades se portam. Caso não venha a anistia, os responsáveis serão sancionados sem sombra de dúvidas.
O que muda no cenário com a nota de ontem do STF em solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes?
Nada. Uma nota esperada e que pareceu acuada.
Como o sr. avalia a atitude do ministro Alexandre de Moraes ontem, indo a um jogo de futebol e fazendo gestos obscenos?
Ele está como um vilão nos capítulos finais da novela: histérico e descontrolado. Também com péssima aparência. E olha que ele ainda nem começou a sentir as consequências.
Até onde o governo dos EUA está disposto a ir na escalada de sanções contra o Brasil?
Eles não sabem jogar truco, mas sabem jogar pôquer. E têm bem mais cacife do que o Brasil.
Na sua avaliação, quanto da ofensiva dos EUA diz respeito ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, e quanto tem a ver com o interesse econômico americano?
Se a carta do Trump, seus posts, as manifestações das autoridades americanas e o que eles têm ouvido nas reuniões não foram o suficiente para entenderem que não se trata de uma questão comercial, então não sei como podem explicar.
Tampouco é só sobre o julgamento de Bolsonaro, mas sobre a repressão política no país, da qual o ex-presidente é o maior símbolo.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação