Medicamento oral orforgliprona, da mesma classe do Mounjaro, mostrou eficácia em estudo com mais de 3 mil pessoas.
Uma nova promessa no tratamento da obesidade está ganhando força no cenário mundial: a orforgliprona, medicamento oral desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, levou à perda média de 12 kg em pacientes com obesidade ou sobrepeso, segundo resultados preliminares de um estudo clínico de fase 3 divulgados nesta quinta-feira (7). Se aprovada, a pílula poderá se tornar uma alternativa mais prática em relação às injeções atualmente disponíveis.
A orforgliprona pertence à mesma classe de medicamentos do Mounjaro, Ozempic e Wegovy: todos agonistas do receptor GLP-1, um hormônio que atua na regulação do apetite e da glicose. A molécula foi originalmente descoberta pela farmacêutica japonesa Chugai e licenciada pela Lilly em 2018. Diferente das versões injetáveis, ela é administrada por via oral, uma vez ao dia, e sem restrições quanto a alimentos ou bebidas.
O estudo ATTAIN-1 avaliou 3.127 adultos com obesidade ou sobrepeso e pelo menos uma comorbidade, como hipertensão ou colesterol alto, mas sem diagnóstico de diabetes. Após 72 semanas, os participantes que usaram a dose de 36 mg apresentaram uma redução de peso de até 12,4%, enquanto o grupo que recebeu placebo teve perda média de apenas 0,9%.
Além da redução significativa do peso, o tratamento também mostrou benefícios no controle de fatores de risco para doenças cardiovasculares. Segundo os pesquisadores, os efeitos colaterais observados foram similares aos de outros medicamentos da mesma classe: náusea, constipação, diarreia e desconforto abdominal, em geral leves a moderados.
A expectativa é que os dados completos do estudo sejam publicados em revista científica no próximo mês. A Lilly já anunciou que pretende submeter o novo medicamento à avaliação regulatória até o fim do ano, com planos de um lançamento global.
“Com a orforgliprona, poderemos transformar o tratamento da obesidade por meio de uma terapia oral diária, que facilita a adesão e amplia as possibilidades de intervenção precoce”, destacou Kenneth Custer, vice-presidente executivo da Lilly.
No Brasil, o diretor médico da farmacêutica, Luiz André Magno, também comemorou os resultados. “É fundamental termos opções para pessoas que não se adaptam aos injetáveis. Essa diversidade de terapias permite um cuidado mais personalizado e acessível”, afirmou.
Com uma demanda crescente por tratamentos contra a obesidade, que afeta milhões de pessoas no mundo, a orforgliprona surge como uma possível virada de chave na luta contra a balança e agora, sem agulhas.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação
