Revitalização de patrimônio e nova identidade visual projetam a capital para o futuro.
Entre apitos imaginários de locomotivas e a lembrança dos trilhos que abriram caminho na Amazônia, Porto Velho celebrou, em 1º de agosto de 2025, os 113 anos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). O evento, realizado no Complexo Ferroviário, foi muito além de uma homenagem: trouxe emoção, história viva e anúncios que colocam o turismo como motor do futuro econômico da capital rondoniense.
Memória que pulsa nos trilhos
Inaugurada em 1912, a EFMM, conhecida como a “Ferrovia do Diabo”, foi erguida em condições extremas durante o Ciclo da Borracha, custando milhares de vidas de trabalhadores que enfrentaram doenças, isolamento e desafios da selva amazônica. Cada trilho guarda histórias de coragem e resistência.
A emoção tomou conta do evento com a presença de Antônio Moisés Cavalcante, um dos últimos ferroviários vivos. Aos 113 anos da ferrovia, ele relembrou, com a voz embargada, os dias em que conduziu a litorina:
“Cada apito que ecoava pela mata era parte da nossa vida. Ver esse patrimônio ser valorizado me faz sentir que tudo valeu a pena”, disse ele, emocionando o público.
Revitalização e novos investimentos
A Prefeitura de Porto Velho aproveitou a celebração para anunciar projetos de preservação e revitalização. Entre eles, a restauração da histórica Locomotiva 18, fabricada na Alemanha há quase 90 anos, com recursos próprios do município e parceria com a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF).
Além disso, foram confirmadas melhorias em pontos históricos, como o Cemitério das Locomotivas e a Candelária, com R$ 2,5 milhões em emendas do ex-senador Acir Gurgacz, e investimentos na Beira-Rio e no Mercado do Pescado do Cai N’Água, somando R$ 7 milhões de recursos do senador Confúcio Moura.
“Turismo é também economia, é orgulho de ser de Porto Velho”, destacou o prefeito Léo Moraes, ao apresentar a nova identidade visual do turismo da capital, acompanhada de um mapa turístico atualizado para orientar visitantes e valorizar o patrimônio local.
Patrimônio que gera oportunidades
A celebração também teve olhar estratégico. Porto Velho aposta em transformar sua história em atração turística nacional e internacional, impulsionando a economia com o turismo cultural e histórico, que vem crescendo no Brasil.
Postagens nas redes sociais com a hashtag #MadeiraMamoré mostram moradores e turistas orgulhosos do complexo ferroviário, enquanto jornais locais como o Rondoniagora destacam que a restauração da Locomotiva 18 e a requalificação da Beira-Rio podem atrair investimentos e melhorar a infraestrutura urbana.
Daniele Carneiro, superintendente do Complexo da EFMM, resumiu o sentimento coletivo:
“Queremos que nossos filhos e netos desfrutem desse patrimônio que é de todos.”
Um futuro sobre trilhos
Com locomotivas sendo recuperadas, áreas históricas revitalizadas e uma identidade visual que conecta passado, presente e futuro, Porto Velho reafirma que honrar a memória da Madeira-Mamoré é também abrir caminho para novas oportunidades econômicas e turísticas.
A cidade que nasceu dos trilhos agora projeta o futuro sobre eles, com a força de sua história e o brilho de um horizonte que começa a se tornar realidade.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação
