Isolado politicamente e sem apoio do Planalto na escolha do novo presidente do órgão, ministro da Previdência avalia pedir exoneração; PDT ameaça romper com o governo
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, está cada vez mais próximo de deixar o cargo em meio à crise provocada pelas denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A possibilidade de exoneração foi admitida por aliados do ministro, que confidenciam o desgaste pessoal e político enfrentado por ele nos bastidores de Brasília.
A decisão pode ser selada ainda nesta sexta-feira (2), após um possível encontro reservado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não consta oficialmente na agenda do Planalto, mas pode ocorrer longe dos holofotes.
Lupi, que também é presidente nacional do PDT, estaria isolado na condução da crise e foi surpreendido pela nomeação do novo presidente do INSS, o procurador federal Gilberto Waller Júnior. A escolha foi feita à revelia do ministro e do partido, o que agravou ainda mais o mal-estar interno.
Durante audiência na Câmara dos Deputados nesta semana, Lupi tentou reverter a situação e prestou contas sobre as ações do governo no combate às fraudes previdenciárias. Segundo ele, nos últimos dois anos foram abertas 268 investigações contra possíveis irregularidades. O ministro também afirmou que pediu, ainda em 2023, uma apuração interna sobre denúncias de corrupção. O responsável pela investigação teria demorado a apresentar os resultados e acabou exonerado em julho de 2024.
A situação atual remete a 2011, quando Lupi deixou o comando do Ministério do Trabalho após acusações de desvios em convênios com ONGs. Na ocasião, ele resistiu por semanas, mas acabou entregando o cargo antes de uma recomendação formal da então presidente Dilma Rousseff.
Agora, o cenário é semelhante: fontes próximas relatam que o ministro está exausto com a crise e não tem intenção de se manter no posto a qualquer custo. A permanência teria servido apenas como estratégia para que ele pudesse se defender publicamente enquanto ainda comandava a pasta.
No PDT, a avaliação é clara: se Lupi sair, o partido deve romper com o governo Lula. A posição foi reforçada pelo líder da sigla na Câmara, deputado Mário Heringer (PDT-RS). “Se demitir o nosso presidente Lupi, nós queremos também sair desse compartimento político, porque ele não trata com reciprocidade e fidelidade os seus”, declarou.
Por: Daniela Castelo Branco
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