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Produtores rurais gravam vídeos em defesa de Bolsonaro após tarifaço de Trump

Movimento tenta blindar ex-presidente da pressão do setor agropecuário, que teme impactos da sobretaxa dos EUA ao Brasil.

Em meio ao impacto da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, um grupo de produtores rurais iniciou uma mobilização nas redes sociais para defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da pressão crescente do agronegócio. A estratégia inclui a gravação de vídeos de apoio, que estão sendo organizados via grupos de WhatsApp e compartilhados entre aliados do ex-presidente.

O movimento surge em resposta ao desgaste político que Bolsonaro tem sofrido, inclusive entre parte de sua base histórica no setor agropecuário, desde que o presidente americano Donald Trump anunciou a medida tarifária. Na ocasião, Trump citou diretamente o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e classificou o processo como uma “vergonha internacional”.

Dentro do governo Lula, a narrativa tem sido clara: aliados do Planalto apontam que a sanção comercial foi motivada por questões políticas e que Bolsonaro, seus filhos e apoiadores contribuíram com esse cenário ao manter interlocução direta com setores conservadores dos EUA.

Enquanto isso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e nomes próximos do ex-presidente têm reforçado o discurso de que o tarifaço só será revogado caso haja uma “anistia ampla, geral e irrestrita”; uma exigência que vem dividindo opiniões até mesmo entre ruralistas.

Um dos líderes que saíram em defesa pública de Bolsonaro foi Paulo Junqueira, presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto e da Associação Rural do Vale do Rio Pardo (Assovale). Em entrevista à CNN, ele minimizou o papel do ex-presidente no conflito comercial e responsabilizou o governo Lula.

“Para mim, que represento boa parte do agro, a culpa do tarifaço é do presidente Lula e da equipe dele, que não estão dialogando com os Estados Unidos. Bolsonaro nos deu paz e segurança jurídica”, afirmou.

Junqueira também alegou que o motivo da sobretaxa teria sido uma retaliação à realização da Cúpula do Brics no Rio de Janeiro, e não um gesto pessoal de Trump para beneficiar Bolsonaro. E ainda alfinetou o setor que se afastou do ex-presidente. “Só o agro business, o agro faria limer, está contra. O agro que põe a mão na massa, que acorda cedo, está com Bolsonaro”, disse.

Apesar do movimento de apoio, parte dos produtores teme que essa exposição política atrapalhe ainda mais a busca por uma solução. Sob reserva, alguns ruralistas revelaram à CNN preocupação com o tom dos vídeos e com a vinculação da defesa de Bolsonaro a um entrave maior nas negociações com os EUA.

Nesse vácuo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem se colocado como um possível mediador, tentando preservar laços com o governo americano, ao mesmo tempo em que busca proteger os interesses econômicos de um dos setores mais afetados pela nova tarifa.

Agora, o desafio será encontrar uma saída diplomática que não esbarre em narrativas políticas inflamadas, de ambos os lados.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

Reportagem: CNN/Brasil

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