Relatório do TSE mostra investimento pesado em fretes aéreos pelo partido; quantia levanta questionamentos sobre uso de recursos públicos e estratégias de mobilização eleitoral.
É impossível não sentir um frio na barriga ao imaginar os bastidores da campanha de 2024. Enquanto muitos batalhavam nas ruas, o PT direcionou quase R$ 3,2 milhões em deslocamentos aéreos: R$ 1,8 milhão em fretamentos com jatinhos e R$ 1,4 milhão em voos da Força Aérea Brasileira (FAB). Os números, divulgados ao TSE, mostram o peso (e o custo) que a mobilização política teve nos ares e deixam um questionamento no ar: até que ponto o uso intenso da aviação reflete eficiência ou excesso?
Quem voou e quanto custou
Segundo dados enviados ao Tribunal Superior Eleitoral:
- Helic Fly Táxi Aéreo (Belo Horizonte) recebeu R$ 1,2 milhão por cinco fretes com jatos modelo C90: entre os passageiros, estavam a então ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o deputado Odair Cunha, em rotas Belo Horizonte–Brasília–Caxambu e entre capitais.
- A Rima Aviação (Porto Velho) embolsou cerca de R$ 920 mil em três contratos, transportando dirigentes como a então presidente do PT, Gleisi Hoffmann, com deslocamentos a Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
- Além disso, 12 voos foram realizados na FAB, pagos integralmente pelo PT com recursos do Fundo Partidário: totalizando R$ 1,4 milhão.
Transparência e legalidade: o que diz o PT
Em nota oficial, o partido afirmou que todas essas despesas foram “dentro da legalidade” e devidamente registradas na prestação de contas apresentada ao TSE em dezembro de 2024. Ou seja, segundo a legenda, os gastos estão corretos, mas, para o eleitor, o debate sobre proporcionalidade e prioridade permanece vivo.
Voando alto, mas com pé no chão
Esses números revelam mais do que cifras; mostram escolhas estratégicas que podem influenciar a percepção pública: mobilização eficiente ou imagem de desconexão com a realidade do eleitorado? Em tempos de debate intenso sobre austeridade e uso de verba pública, a grandiosidade dos deslocamentos do PT reforça a necessidade de reflexão sobre a forma como campanhas são financiadas, planejadas e percebidas pela sociedade.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação