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Réus do núcleo do golpe acompanham julgamento com “tranquilidade”, mas tensão cresce para decisões finais

Enquanto o primeiro dia no STF transcorre com sustentações e leituras de relatórios, defensores preveem condenação e aguardam dosimetria da pena.

O primeiro dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal, que pode definir o destino do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de sete outros réus, trouxe um contraste curioso: enquanto o país acompanha o desenrolar de um processo histórico, os próprios acusados relatam sentir “tranquilidade”. Mas a calmaria é apenas aparente: a verdadeira tensão está reservada para a próxima semana, quando serão anunciados os votos dos ministros e a dosimetria da pena.

Estratégia das defesas e expectativa dos réus

Segundo interlocutores próximos aos acusados, a prioridade das defesas nesta fase é tentar reduzir a penalidade, mesmo admitindo que a condenação por tentativa de golpe de Estado é praticamente certa. A atenção está voltada aos detalhes da votação: qualquer divergência entre os ministros ou uma interpretação diferenciada sobre a dosimetria pode alterar significativamente o resultado final.

Há quem deposite esperança no ministro Luiz Fux, que poderia divergir em relação à pena, ou no ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, cujo voto é o último e pode surpreender.

Acompanhamento do julgamento

A maioria dos réus optou por acompanhar as sessões remotamente para evitar exposição. Preso no Rio de Janeiro, o general Walter Braga Netto assistiu por videoconferência. O ex-presidente Bolsonaro, em prisão domiciliar, desistiu de ir presencialmente ao STF por questões de saúde. O único a marcar presença física foi o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, que afirmou estar ali para “defender a honra” e reafirmar sua inocência.

Próximos passos

As sessões desta semana concentram-se na leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes, na sustentação oral do procurador-geral Paulo Gonet e nas manifestações dos advogados. Mas o julgamento seguirá nos dias 3, 9, 10 e 12 de setembro, quando cada voto será registrado, trazendo à tona o peso de uma decisão que transcende o âmbito nacional e coloca em xeque o Estado Democrático de Direito.

Enquanto isso, a sociedade observa apreensiva, consciente de que o veredito não será apenas sobre os réus, mas sobre a própria solidez das instituições democráticas brasileiras: um lembrete de que a tranquilidade aparente dos acusados contrasta com a tensão histórica que paira sobre o país.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação/STF

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