Encontro em Istambul ocorre sob pressão de Trump e com poucas expectativas; Kremlin diz que exigências podem aumentar.
Delegações da Rússia e da Ucrânia se reúnem nesta quarta-feira (23), em Istambul, na Turquia, para uma nova rodada de negociações de paz; a primeira em quase dois meses. O encontro foi anunciado na semana passada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que demonstrou expectativa por um avanço diplomático, ainda que Moscou tenha alertado para “não se esperar milagres”.
As últimas conversas presenciais entre os dois países ocorreram também em Istambul, nos dias 16 de maio e 2 de junho. Na ocasião, houve acordos pontuais, como a troca de milhares de prisioneiros de guerra e a devolução dos corpos de soldados mortos, mas nenhum progresso significativo rumo a um cessar-fogo duradouro ou a um acordo político.
O cenário atual é marcado por uma intensificação dos combates no leste ucraniano e por nova pressão internacional. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou recentemente impor sanções mais duras à Rússia e a qualquer país que compre suas exportações, caso um acordo de paz não seja firmado nos próximos 50 dias.
Apesar da ameaça, fontes próximas ao Kremlin disseram à agência Reuters que o presidente Vladimir Putin está decidido a manter a ofensiva militar. Segundo essas fontes, o líder russo não se sente intimidado pelo ultimato americano e deve manter sua posição até que o Ocidente aceite suas condições, inclusive com a possibilidade de ampliar as exigências territoriais caso as tropas russas avancem ainda mais.
Com discursos endurecidos de ambos os lados, o novo encontro em Istambul será acompanhado de perto pela comunidade internacional, que vê com ceticismo qualquer chance de trégua imediata. Ainda assim, a retomada do diálogo sinaliza que, apesar da escalada militar, as portas da diplomacia seguem entreabertas.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação