Enquanto avalia deixar a Corte após a presidência, Planalto monitora quatro nomes estratégicos para reforçar influência política e técnica.
A possibilidade de Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), antecipar sua aposentadoria após encerrar o mandato em setembro reacende no Planalto a corrida pela indicação de um novo ministro, que seria o terceiro escolhido pelo governo Lula. Aos 67 anos, Barroso poderia seguir na Corte até os 75, idade limite prevista pela Emenda Constitucional da Bengala, mas seu descontentamento com o atual ambiente político e institucional tem pesado na decisão.
Reservadamente, aliados do ministro apontam o desgaste diante do que ele chama de “crise de civilidade” e a insatisfação com o cenário político, incluindo as medidas cautelares duras adotadas por Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro, vistas por parte da Corte como antecipação de condenações. Além disso, há a perspectiva de que, após deixar a presidência, Barroso integrará a Segunda Turma, formada por ministros com quem mantém menos afinidade, o que reduziria sua influência diária nas decisões importantes.
No Palácio do Planalto, o anúncio de uma eventual aposentadoria impulsionaria um processo estratégico de escolha, onde o presidente Lula avalia quatro nomes que unem capacidade técnica e trânsito político:
- Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União, com sólida experiência em regulação e boa interlocução com o Congresso;
- Jorge Messias, atual ministro da Advocacia-Geral da União, conhecido pela atuação próxima ao governo petista;
- Vinicius Marques de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União, com perfil técnico e acadêmico, porém menor penetração política;
- Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado e nome de consenso, com capacidade de articulação transversal entre diferentes forças políticas.
A decisão sobre o sucessor envolverá o crivo do Senado, onde o equilíbrio entre capital político e currículo técnico será fundamental. A indicação no segundo semestre de 2025 pode ainda ser usada como moeda de negociação nas tratativas orçamentárias para 2026, reforçando a prática da governabilidade presidencialista por coalizão.
Enquanto isso, o debate se acirra nas redes sociais e na imprensa, com aliados e opositores do governo repercutindo intensamente o possível movimento no STF, que terá impacto direto no equilíbrio de forças da Corte Suprema e na condução de temas estratégicos, como regulação econômica, combate à desinformação e questões penais.
Barroso ainda não se manifestou oficialmente sobre seus planos, mas o cenário traçado nos bastidores revela que a próxima indicação ao Supremo será um dos capítulos decisivos da política brasileira nos próximos anos. Quem ocupará essa vaga pode, de fato, moldar o futuro da Corte e do país.
Texto: Daniela Castelo Branco
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