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Tarifa de Trump sobre medicamentos acende alerta global e pode afetar exportadores

Plano de aumentar imposto para até 250% mira produção nacional, mas gera incerteza sobre acordos internacionais e cadeia farmacêutica.

O anúncio do presidente Donald Trump de que os Estados Unidos começarão a aplicar tarifas sobre produtos farmacêuticos, com planos de elevar as taxas para 250% em até 18 meses, envia um sinal claro ao mundo: a política de “América Primeiro” voltou com força total, e o setor de saúde entrou na mira do protecionismo.

No curto prazo, a medida parece mais um recado político do que uma mudança imediata no comércio. Trump não detalhou qual será a alíquota inicial, chamando-a de “pequena tarifa”, mas ao projetar saltos para 150% e 250% em pouco mais de um ano, ele mexe com toda a cadeia global de suprimentos farmacêuticos: hoje altamente dependente da produção internacional, especialmente da Índia e da China, que são grandes fornecedoras de insumos e medicamentos genéricos para os EUA.

Impactos no Brasil e no mercado internacional

Para o Brasil, o efeito imediato é limitado, já que a participação brasileira na exportação direta de medicamentos acabados para os EUA é pequena. O maior impacto seria indireto:

  • Alta no preço de insumos: boa parte da matéria-prima usada no Brasil vem da Ásia. Se os EUA puxarem a demanda interna para dentro de casa, o mercado global pode sofrer pressões de oferta e preço;
  • Disputa por investimentos: empresas farmacêuticas multinacionais podem priorizar fábricas em território americano para fugir das tarifas, retardando investimentos produtivos em outros países;
  • Risco de retaliações: uma escalada protecionista dos EUA pode acender tensões comerciais com a União Europeia e países emergentes, afetando cadeias globais e acordos já firmados.

Mais política do que economia?

Analistas em Washington enxergam na medida um movimento político clássico de Trump, mirando eleitores industriais e nacionalistas, que apoiam medidas de incentivo à produção local. No entanto, há um conflito jurídico evidente: o atual acordo com a União Europeia prevê tarifa zero para medicamentos e semicondutores, e elevar taxas para 250% poderia gerar disputas na OMC (Organização Mundial do Comércio) ou provocar retaliações bilaterais.

Próximo passo: semicondutores e chips

O anúncio de que tarifas sobre semicondutores e chips serão divulgadas na próxima semana reforça que a política comercial americana mira setores estratégicos de segurança nacional. Para o Brasil, isso representa um alerta: qualquer alteração brusca nessa cadeia pode impactar a indústria de eletrônicos, que depende fortemente de insumos importados.

Em resumo, o anúncio de Trump combina impacto político imediato com risco econômico global. Para países emergentes como o Brasil, a mensagem é clara: em tempos de protecionismo americano, a volatilidade no comércio internacional volta a ser regra e não exceção.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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