Interferência em voo da presidente da Comissão Europeia e morte de ex-líder ucraniano refletem escalada das ações russas e preocupam aliados internacionais.
O frio da manhã em Sofia, na Bulgária, trouxe mais que o vento do Mar Negro: trouxe medo e alerta. Um avião que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sofreu interferência no GPS enquanto tentava pousar na capital búlgara, obrigando pilotos a recorrerem a mapas de papel para garantir a segurança da aterrissagem. O incidente ocorre em meio à visita de von der Leyen aos Estados-membros que fazem fronteira com Rússia, Bielorrússia e o Mar Negro, numa demonstração de solidariedade à Ucrânia e atenção à crescente ameaça russa.
Segundo um porta-voz da Comissão Europeia, a viagem buscava mostrar união e apoio a Kiev diante da agressão não provocada da Rússia. O episódio expõe a vulnerabilidade do sistema de navegação e reforça alertas já feitos por países escandinavos e bálticos, que denunciam bloqueios regulares de GPS atribuídos a Moscou. Pesquisadores da Polônia e da Alemanha concluíram que a Rússia estaria usando frota naval e o enclave de Kaliningrado para interferir nos sinais, ampliando sua ofensiva híbrida contra o Ocidente.
Enquanto a Europa lida com ameaças tecnológicas, a Ucrânia enfrenta o impacto humano do conflito: o ex-presidente do Parlamento Andriy Parubiy foi assassinado em Lviv, num ataque que as autoridades locais suspeitam ter ligação direta com a Rússia. Segundo a polícia ucraniana, o atirador se passou por mensageiro, disparou oito vezes e planejou meticulosamente cada movimento, apontando para um crime de execução por encomenda. Parubiy, de 54 anos, foi uma figura central na deposição do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich em 2014 e, desde então, se tornou alvo em meio à guerra que se arrasta desde 2022.
O episódio reforça a percepção de que a Rússia mantém sua estratégia de intimidação em múltiplas frentes:do bloqueio de sistemas de navegação à eliminação de opositores políticos. Von der Leyen, ao comentar o incidente, alertou que a Europa precisa “manter o senso de urgência”, lembrando que líderes como Vladimir Putin agem como predadores e só podem ser contidos por forte dissuasão.
Em meio a mapas improvisados e investigações de assassinato, a mensagem é clara: a guerra moderna não se restringe a campos de batalha, mas invade céus, cidades e a própria estabilidade política da região. O que está em jogo é mais do que território; é segurança, democracia e o direito de viver sem medo diante de ameaças calculadas. A cada passo, Europa e Ucrânia mostram que resistir exige coragem, união e vigilância constante.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/CNN Brasil