Influenciador é alvo de inquérito do Ministério Público da Paraíba após denúncias de vizinhos sobre conteúdo com crianças e adolescentes.
O influenciador digital Hytalo Santos está sendo investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) por possível exposição e exploração de menores em conteúdos publicados nas redes sociais. As investigações surgiram após denúncias de vizinhos do condomínio onde ele reside, que relataram festas com bebidas alcoólicas e cenas de topless envolvendo crianças e adolescentes, segundo a promotora Ana Maria França.
“Nós instauramos esse procedimento a partir de reclamações de condôminos dando conta de sua conduta irregular com crianças e adolescentes na produção de conteúdos, que se estendiam até tarde da noite. Eles faziam algazarra, barulho e muitas das filmagens envolviam bebidas alcóolicas, além de cenas com conotação sensual”, explicou a promotora.
Suspensão de perfis e monetização
A Justiça da Paraíba aceitou o pedido do MPPB para suspender todas as redes sociais de Hytalo Santos e proibir qualquer tipo de contato dele com os menores que residem em sua casa. A medida foi deferida na terça-feira (12).
Além disso, a monetização dos vídeos do influenciador foi suspensa, impedindo que ele recebesse retorno financeiro pelas publicações. A defesa de Hytalo ainda pode recorrer. Paralelamente, a investigação também analisa a conduta dos pais dos adolescentes para verificar se houve omissão na proteção dos direitos das crianças.
O MPPB requisitou ainda a abertura de um inquérito policial para apurar possíveis crimes cometidos por Hytalo, e solicitou a suspensão da empresa de rifas e sorteios “Fartura Premiações”, vinculada ao canal do influenciador, até a conclusão da Ação Civil Pública. O descumprimento da recomendação pode resultar em medidas legais contra os responsáveis.
O documento do MP, assinado pelos promotores Ana Maria França, Octavio Paulo Neto e Dennys Carneiro Rocha dos Santos, pelo procurador do Trabalho Flavio Henrique Gondim e pelo delegado geral de Polícia Civil André Luis Rabelo de Vasconcelos, estabeleceu um prazo de 48 horas para que a Lotep, diretoria da Loteria do Estado, suspenda a autorização à empresa.
Repercussão e contexto
As denúncias ganharam grande visibilidade após o youtuber Felipe Bressanim Pereira (Felca) publicar vídeo expondo casos de exploração de menores nas redes sociais, incluindo a situação envolvendo Hytalo Santos. O vídeo, publicado em 6 de agosto, já conta com mais de 28 milhões de visualizações e alertou para os riscos da adultização precoce de crianças e adolescentes nas plataformas digitais.
Desde 2024, Hytalo já era investigado pelo MPPB em duas frentes: nas Promotorias de João Pessoa e Bayeux, apurando se conteúdos com menores possuíam teor sexual, infringindo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O influenciador sempre alegou que as crianças e adolescentes envolvidos, muitas emancipadas, participavam com consentimento das mães e que sua relação com os menores é de convivência familiar, chamando-os de “crias”.
“Na minha casa têm minhas crias que passam boa parte do tempo comigo e boa parte com as mães. As mães sempre acompanharam tudo. Tudo tem o consentimento das mães e, inclusive, das meninas emancipadas”, afirmou Hytalo Santos.
A investigação ainda está em andamento, e o caso segue gerando repercussão nacional, levantando discussões sobre proteção infantil, responsabilidade digital e exploração de menores na internet.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/Redes Sociais