Declaração gera dúvidas sobre sanções e provoca queda no preço do petróleo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (25) que a China está liberada para continuar comprando petróleo do Irã, após o cessar-fogo firmado entre Teerã e Israel. A declaração surpreendeu analistas e levantou dúvidas sobre o rigor das sanções americanas contra o regime iraniano.
“A China agora pode continuar a comprar petróleo do Irã. Esperamos que eles também comprem bastante dos EUA”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social. O comentário veio poucos dias após o próprio presidente ordenar o bombardeio de três instalações nucleares iranianas.
Apesar da fala de Trump, a Casa Branca esclareceu que não houve relaxamento formal das sanções. Um alto funcionário do governo disse à agência Reuters que o comentário presidencial se refere ao fato de o Irã não ter fechado o Estreito de Ormuz, rota estratégica para o transporte de petróleo e crucial para os interesses chineses: que é hoje o maior importador global do petróleo iraniano.
“O presidente continua incentivando a China e outros países a comprarem nosso petróleo de última geração, em vez do petróleo iraniano, cuja importação viola as sanções dos EUA”, reforçou o representante da Casa Branca.
Mercado reage e petróleo recua
As declarações de Trump tiveram impacto direto no mercado internacional: os preços do petróleo registraram queda de quase 6%, refletindo a percepção de uma possível abertura para o Irã voltar a exportar mais livremente.
Para analistas, a fala de Trump pode sinalizar uma postura mais flexível na aplicação das sanções, mesmo que oficialmente elas permaneçam. “Esse tipo de sinalização representa um retorno a padrões de fiscalização mais frouxos”, avaliou o ex-oficial da CIA Scott Modell, hoje à frente do Rapidan Energy Group.
Modelle acredita, no entanto, que Trump não deve suspender as sanções oficialmente antes das próximas rodadas de negociação nuclear com o Irã. Segundo ele, manter as restrições pode ser uma carta na manga do governo americano, já que Teerã exige a suspensão total das penalidades como parte de um eventual acordo.
Nos bastidores, a possibilidade de alívio nas sanções, ainda que parcial, reacende tensões geopolíticas e interesses econômicos que envolvem não apenas o Irã, mas também grandes potências como China e os próprios Estados Unidos.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação
