Presidente dos EUA anuncia envio de armas via Otan e ameaça sanções aos parceiros comerciais da Rússia, enquanto admite frustração com ataques a Kiev.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou em entrevista à BBC nesta terça-feira (15) que está “decepcionado, mas ainda não desistiu” do presidente da Rússia, Vladimir Putin, mesmo após os sucessivos ataques russos contra a Ucrânia e a recusa do Kremlin em aceitar um cessar-fogo.
A fala vem horas depois de Trump anunciar o envio de novas armas para Kiev e ameaçar aplicar sanções econômicas aos países que continuarem comprando exportações russas, caso não haja avanço em um acordo de paz.
“Teremos uma ótima conversa. Eu direi: ‘Acho que estamos perto de conseguir’, e então ele derrubará um prédio em Kiev”, ironizou o presidente norte-americano ao comentar sua frustração com a postura de Putin diante das tratativas para encerrar a guerra. Apesar disso, reforçou que ainda aposta em um entendimento diplomático. “Estou decepcionado com ele, mas não desisti.”
Mudança de tom
Desde seu retorno à Casa Branca, Trump vinha tentando uma reaproximação com Moscou e prometia um “fim rápido para a guerra”. Seu governo chegou a recuar de posições pró-Ucrânia adotadas anteriormente, como o apoio formal à entrada do país na Otan e a exigência de retirada total das tropas russas do território ucraniano.
No entanto, o novo pacote militar anunciado marca uma mudança significativa na política externa americana, motivada, segundo ele, pela continuidade dos ataques de Moscou a cidades ucranianas. Entre os armamentos incluídos estão os mísseis interceptores Patriot, cruciais para a defesa aérea de Kiev.
De acordo com Trump, a ajuda será fornecida por meio da Otan, com os países da aliança arcando com os custos. “A Otan está se tornando o oposto do que antes chamei de obsoleta, porque agora está pagando suas próprias contas”, declarou.
Sanções em 50 dias
Trump também anunciou um prazo de 50 dias para que a Rússia aceite um acordo de cessar-fogo, sob pena de novas sanções. A medida incluiria tarifas severas aos países que continuarem comprando energia russa, como China e Índia: um golpe potencialmente devastador à economia de Moscou, caso concretizado.
Apesar das ameaças, o Kremlin ainda não respondeu oficialmente à proposta. Segundo analistas, a janela aberta por Trump dá tempo a Putin para tentar virar o jogo no campo de batalha ou pressionar aliados, como Pequim e Nova Déli, a reforçarem sua posição no conflito.
A entrevista e os anúncios vêm num momento de pressão crescente sobre Washington por uma postura mais firme diante da escalada da guerra e pela demonstração de que o governo americano ainda tem influência real sobre os rumos do conflito no leste europeu.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação