Tragédia no Mamoré: barco hospital afunda e deixa ribeirinhos sem assistência médica

Embarcação do governo de Rondônia era referência em atendimento de saúde fluvial na fronteira com a Bolívia; prejuízo é considerado incalculável

Foto: Divulgação

Na madrugada desta quarta-feira (30), um grave incidente comprometeu a saúde pública na região de Guajará-Mirim (RO), na fronteira entre Brasil e Bolívia. O barco hospital Walter Bártolo, considerado um pilar no atendimento médico a comunidades ribeirinhas e indígenas, afundou por volta das 2h40 nas águas do rio Mamoré.

Imagens registradas por testemunhas mostram o momento em que equipamentos médicos, freezers, geladeiras e boias eram levados pela correnteza. Vídeos circularam nas redes sociais, evidenciando o tamanho do prejuízo — não apenas material, mas social, para uma população que já vive em vulnerabilidade.

A embarcação funcionava como uma Unidade de Saúde Social Fluvial equipada com tecnologia moderna, internet, ambulanchas e capacidade para remoções aeromédicas. Desde sua inauguração em 2016, ainda na gestão do então governador Confúcio Moura, o Walter Bártolo foi símbolo de inovação em saúde pública na Amazônia. O projeto contava inclusive com apoio do governo boliviano, que contribuía com profissionais, insumos e combustível.

O barco homenageava Walter Bártolo, figura histórica de Guajará-Mirim, conhecido por seu trabalho social junto às comunidades mais carentes da região. A tripulação era formada majoritariamente por profissionais locais, o que fortalecia os vínculos com os moradores atendidos.

Felizmente, não houve vítimas. De acordo com nota oficial da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), o barco estava atracado e havia retornado há dois dias de uma missão em parceria com a prefeitura do município. A Polícia Militar e a Marinha foram acionadas para investigar as causas do naufrágio.

Em comunicado, a Sesau garantiu que a documentação e manutenção da embarcação estavam em dia e reforçou o compromisso com a transparência nas apurações. No entanto, o impacto da perda é imenso: o barco era o único elo entre centenas de famílias e o sistema de saúde.

A tragédia no rio Mamoré expõe a fragilidade da assistência médica em áreas remotas da Amazônia e reacende o debate sobre a estrutura e a continuidade das políticas públicas de saúde fluvial no país.

Leia na íntegra a nota da Sesau:

Por volta das 10 horas da manhã desta quarta-feira (30), a assessoria da Secretaria de Estado da Educação (Sesau) emitiu a seguinte nota:

O Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), esclarece sobre o sinistro envolvendo o Barco Hospital Walter Bártolo, ocorrido no rio Mamoré, na madrugada desta quarta-feira (30). 

O incidente não deixou vítimas. A embarcação estava atracada na margem do rio e havia retornado, há dois dias, de uma missão realizada em parceria com a Prefeitura de Guajará-Mirim.

A Polícia Militar e a Marinha do Brasil foram acionadas e estão conduzindo as investigações para apurar as causas do ocorrido. A Sesau informa que todas as licenças, os laudos e as manutenções da embarcação estão em dia.

O Barco Hospital Walter Bártolo é uma unidade fluvial de saúde que atende comunidades ribeirinhas e indígenas na região de Guajará-Mirim, levando serviços essenciais de saúde a populações de difícil acesso. 

A Secretaria reforça seu compromisso com a transparência e a segurança das operações, e manterá a população informada sobre os desdobramentos do caso.

Porto Velho, 30 de abril de 2025.

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